O início do outono está aí, e com ele começa o tempo mais frio e seco, responsável pelo que chamamos de “pico das doenças virais” em pediatria.
Não é a toa que os pronto socorros andam lotados nessa época do ano, seja por um resfriado qualquer, os bebês que começam a chiar o peito ou as crianças com asma que também ficam com crise de chiado também.
No meio de tanta tosse, espirro e febre, vamos entender porque a bronquiolite é uma doença tão frequente nessa época do ano e porque é importante saber identificá-la, e mais, quando devemos perceber a gravidade da doença!
A bronquiolite, como é chamada, é causado por um agente viral, e dá uma tosse danada, uma febre não muito alta, geralmente que não passa de 39° C, e aquela chiadeira no peito. A criança também tem bastante catarro, que vai desde uma coriza clara até mais amarelada, e secreção nos olhos. Muitos casos necessitam de internação, devido ao desconforto respiratório que ela causa e a necessidade de suporte de oxigênio. Por isso papais, fiquem atentos!
Sei que existe muitas dúvidas em torno dela, então vamos entender um pouco essa doença!
O que é a Bronquiolite viral aguda?
Bronquiolite viral aguda é por definição uma infecção respiratória da via aérea inferior, de etiologia viral, que compromete as pequenas vias aéreas , os chamados bronquíolos, através de um processo inflamatório agudo, levando a obstrução da via aérea com intensidade variável. É diferente da asma. Ela ocorre principalmente nos bebês e crianças até 1 ano de idade.
É caracterizada por inflamação aguda, edema, necrose (morte das células localizadas nos bronquíolos), aumento da produção de muco (catarro) e broncoespasmo (que causa a falta de ar).
É a doença das vias aéreas inferiores mais comum em crianças menores de 1 ano, sendo mais grave nos menores de 6 meses, especialmente em prematuros.
Quais são os sintomas?
Os sintomas geralmente começam com um quadro de nariz escorrendo, tosse, febre baixa, que evolui para desconforto respiratório, com chiadeira no peito e sibilos. Os sintomas duram em torno de 1 semana, sendo que a tosse pode durar mais tempo, geralmente a última a passar (para infelicidade da criança e dos pais…)
Como ocorre a transmissão?
A fonte da infecção é geralmente alguém da família ou da creche ou escolinha que está resfriado ou tossindo, mesmo que não esteja com desconforto respiratório.
Em adultos e em crianças maiores, mesmo que apresentem edema no bronquíolo, como nos bebês infectados, não tem os mesmos sintomas dos bebês, pois o calibre da sua via aérea é maior, e muitas vezes são os portadores assintomáticos da doença, ou tem somente um resfriado comum. A transmissão ocorre por contato direto com secreções, gotículas do ar ou objetos contaminados.
Características da via aérea intrínsecas à criança, como já expliquei no post sobre resfriado na criança, associados a alguns fatores de risco, justificam a sua rápida evolução para o desconforto respiratório e os pais devem ficar atentos aos sinais de alarme.
Os fatores de risco para uma evolução mais grave são:
Os sinais de alarme indicativos de desconforto respiratório são:
Se você mamãe tiver dúvidas em como identificar esses sinais, pergunte ao seu pediatra.
Se você tiver dúvidas quanto ao estado do seu filho, leve-o no médico.
Inflamação, inflamação, inflamação
O vírus apresenta uma afinidade (infeliz) pelo epitélio da célula dos brônquios e bronquíolos e ocorre a destruição celular, com consequente processo inflamatório local…(lembra do mecanismo do resfriado que expliquei no post anterior? É como o joelho ralado, mas dessa vez em outro local…)
A inflamação gera mais inflamação, com edema local e a consequente obstrução e diminuição do calibre da via aérea, já tão pequena nos bebês. O processo inflamatório também causa aumento da produção de muco, com aumento da secreção, traduzido em muito catarro nesses bebês.
Os músculos lisos presentes em cada bronquíolo e brônquio também se contraem, gerando ainda mais obstrução.
Alguns bebês apresentam uma resposta a esses agentes infecciosos mais exacerbada que outros, e estes evoluem mais gravemente, além de poderem apresentar episódios de chiado repetidos, mesmo sem infecção
. Existem alguns fatores que aumentam o risco ddo bebê evoluir para um “bebê chiador” no futuro e até com asma mais tardiamente.
Como o diagnóstico é feito?
É essencialmente clínico, após obter os dados da história e do exame físico do bebê. O raio de tórax, hemograma e pesquisa de vírus respiratório não é feito de rotina, mas para aqueles que ficarão internados pode ser de grande valia.
O raio- X de tórax pode ser feito para diferenciar a bronquiolite de outras doenças, como uma pneumonia, ou uma atelectasia, que ocorre quando uma região do brônquio está fechada, seja por edema ou acúmulo de secreção.
Uma vez entendido a doença e sabendo quando identificar a gravidade, podemos então entender sobre o tratamento, mas isso vai ficar pro próximo post, não perca!
Espero que tenha ajudado a esclarecer um pouco essa doença que nessa época do ano deixa os papais muito preocupados…
Fonte:Alfenashoje