A FIFA e uma universidade alemã acabam de criar um registro mundial para casos de morte súbita entre jogadores de futebol. O objetivo é investigar causas e adotar medidas preventivas para melhorar e antecipar o diagnóstico de doenças cardíacas, que são as principais causadoras da morte súbita.
O cardiologista nuclear João Vítola, da Quanta Diagnóstico e Terapia (www.quantamn.com.br), explica que pode ser considerada morte súbita aquela que ocorre sem sintoma prévio ou em até 24 horas após o início dos sintomas que, muitas vezes, não são reconhecidos: “Quando a morte súbita apresenta sintomas, são aqueles que alertam o indivíduo de que algo não vai bem com o coração, como dor no peito e falta de ar, muitas vezes associados com esforços físicos e desproporcionais a eles”.
Segundo Vítola, a morte súbita em crianças, em jovens e em atletas, como jogadores de futebol, é frequentemente causada por doenças cardíacas congênitas, como a cardiopatia hipertrófica e a origem anômala de coronária. Enquanto nos idosos são mais comuns as causas adquiridas, como a doença arterial coronariana, que pode levar ao infarto agudo do miocárdio.
As tentativas de ressuscitação podem ser bem sucedidas se forem realizadas precocemente após a parada cardíaca, sendo que as chances diminuem bastante conforme aproxima-se de 10 minutos ou mais. Por isso, em Curitiba, a Lei 11626/2005, autoriza a prefeitura a disponibilizar e obrigar a colocação de desfibriladores em locais públicos e de grande circulação de pessoas.
Dr. João Vítola esclarece que, infelizmente há indivíduos que têm a morte súbita como primeira manifestação da doença cardíaca. “A melhor maneira de prevenir é controlando os fatores de risco, estando alerta para os sintomas e mantendo-se em dia com os check-ups médicos completos, com a realização de exames adequados a cada caso”, afirma.
Exercícios físicos regulares também são ótima opção, pois, segundo o cardiologista, pessoas ativas correm menos riscos que as pessoas sedentárias, tanto pela proteção cardiovascular que o exercício confere, quanto por terem mais chance de apresentar os sintomas que podem servir de alerta antes que seja muito tarde. Para a prática de atividade física em academias, é importante que o aluno passe por uma avaliação médica e leve o atestado de aptidão física para o local, pois, segundo a lei municipal nº 13.559, aprovada em 8 de julho de 2010, é exigido o atestado para esses estabelecimentos.
Grupo de risco
Vítola alerta que, no grupo de risco para doenças cardiovasculares adquiridas e, consequentemente, morte súbita, estão pessoas mais idosas e que sejam tabagistas, diabéticas, hipertensas, que tenham dislipidemia (taxas anormais de colesterol e triglicérides no sangue) e história precoce de doença coronariana.
As doenças cardíacas congênitas que mais causam morte súbita são a cardiopatia hipertrófica e a origem anômala de coronária. “A cardiopatia hipertrófica é um espessamento exagerado das paredes do coração, uma doença que pode levar o órgão a um ritmo caótico”, afirma o cardiologista. Já a origem anômala das artérias coronárias é uma doença potencialmente letal, principalmente entre bebês e atletas jovens, sendo a causa da isquemia miocárdica e arritmia cardíaca.
Vítola explica ainda que, entre as doenças cardíacas adquiridas, a origem mais comum da morte súbita é o infarto ou ruptura de uma placa aterosclerótica das coronárias. “É preocupante principalmente para indivíduos com fatores de risco que se exercitam esporadicamente, especialmente aqueles que não estão em dia com os check-ups médicos”, ressalta.
Medicamentos usados prolongadamente também podem levar maior vulnerabilidade ao coração, causar arritmias cardíacas e aumento da pressão arterial, como descongestionantes nasais, que têm ação vasoconstritora (contraem os vasos sanguíneos), e alguns antidepressivos e emagrecedores.
Algumas drogas ilícitas, como a cocaína, um potente vasoconstritor, também podem acarretar morte súbita. “A cocaína eleva abruptamente a pressão arterial, podendo causar espasmo das artérias coronárias e levar ao infarto agudo do miocárdio e à morte”, explica Dr. João Vítola.
Fonte: Revista Hospital Brasil